Valpolicella é o nome de uma área com cerca de 30.000ha na província de Verona, no norte da Itália, limitada a oeste pelo Lago di Garga e ao norte pelos montes da Lessínia. Sua paisagem é variada, formada por vales e colinas, com vinhedos intercalados por olivais e cerejeiras. A região é dividida em três áreas distintas: zona DOC, zona Valpantena e zona Classica, a área histórica onde a viticultura se desenvolveu e que produz os vinhos mais prestigiados da Valpolicella.
Os solos são diversos, de origem aluvial, calcários e de origem vulcânica. O clima é continental, com chuvas (900-1100mm) distribuídas ao longo do ano, invernos frios e verões quentes, com influência moderadora do Lago di Garda. A maior parte dos vinhedos está conduzido no tradicional sistema de pérgola, protegendo os cachos da insolação e mantendo-os distantes da umidade elevada do solo. As principais castas cultivadas são as tintas Corvina, Corvinone, Rondinella e Molinara, que juntas dão origem a diversos estilos de vinhos.
As uvas utilizadas para produção dos vinhos podem ser colhidas maduras e vinificadas diretamente ou passar por um processo chamado ‘appassimento’. Esta técnica consiste em selecionar e colher manualmente os melhores cachos da safra e colocá-los para desidratar sobre estrados ou caixas especiais em uma sala bem ventilada chamada “fruttai”. Durante cerca de três meses as uvas desidratam, perdendo entre 30-50% de seu volume, concentrando seus aromas, sabores, açúcares e acidez.
Os vinhos Valpolicella são jovens, frutados, leves e frescos, produzidos a partir de uvas maduras, mas sem apassimento. Os Valpolicella Superiore são mais concentrados, elaborados com uvas dos melhores vinhedos, por vezes com ligeiro “appassimento”, devendo amadurecer pelo menos um ano antes de chegar ao mercado.
O Amarone della Valpolicella é o vinho mais renomado desta região, produzido através da fermentação de uvas com apassimento. É um vinho seco, alcoólico, concentrado e potente, que tem uma longa maturação em madeira. A concentração de aromas e sabores é tão grande, que até as cascas das uvas do Amarone são utilizadas para produzir um outro estilo de vinho, chamado Ripasso. Nesta técnica, um vinho Valpolicella é colocado sobre as cascas do Amarone para refermentar, extraindo aromas, sabores e taninos destas cascas, originando um vinho com média estrutura e maciez.
O "L’ Imperfetto " leva esse nome pois não é um vinho "normal". Ele não é nem um ripasso, nem um amarone mas algo entre os dois. Uma pequena parte das uvas é passificada até novembro e o resto é vinificado como tinto imediatamente após a colheita. Os dois lotes são então misturados em uma cuvée que é envelhecido por seis a oito meses em barricas de carvalho. O uso da variedade Croatina também é incomum, produzindo vinhos muito interessantes, frescos e frutados.
É na zona Classica da Valpolicella que em 1993 Alfredo Buglioni comprou a fazenda de seus sonhos. A propriedade contava com 4ha de vinhedos, cultivados com as castas tintas locais, com as quais faziam vinhos para consumo próprio. Em 2000, Alfredo e seu filho Mariano decidiram vinificar as uvas de sua propriedade de forma mais profissional, contratando uma consultoria e, no ano seguinte, o enólogo da casa, Diego Bertoni. Em 2004 lançaram o primeiro Amarone e uma linha de outros vinhos.
Como a vinícola não tinha tradição na região, a parte comercial demorou a engrenar. Os Buglioni decidiram então investir, criando um Wine Bar em Verona, para promover seus produtos, a Osteria del Bugiardo, que se tornou um dos locais favoritos de enófilos locais e visitantes. Atualmente a propriedade tem 54ha, com cultivo orgânico e uma vinícola nova está em construção. Seus vinhos são apreciados internacionalmente, mas boa parte da produção ainda é consumida em seus wine bars e restaurante em Verona. São 9 vinhos e uma grappa, com safras premiadas em importantes revistas de vinhos.
Mariano Buglioni
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